Rivalidades
ferrenhas são pra crianças. A dupla saltadora acima é, talvez, um dos
grandes exemplos que, com o tempo, soube aprender a trabalhar em equipe.
Minha
infância foi a de um fanboy da Nintendo: apesar de não ter tido um NES
quando criança (caso hoje resolvido), o jogo que provavelmente mais me
divertiu foi Super Mario World. As diferentes fases, a capinha amarela,
os múltiplos segredos me permitiam jogar desde o começo muitas vezes; o
tal do fator replay era alto, ou era o caso de só ter este cartucho à
época.
Depois disso, cheguei a conhecer Sonic. Ao ir à
casa de um parente, que tinha seu Megadrive, com um único cartucho
(daqueles de múltiplos jogos). Foi a única vez em que joguei uma
aventura do porco-espinho azul antes da minha maioridade.
Não gostei, e não sabia dizer o porquê, no topo daqueles meus 10 anos de vida. Hoje, entretanto, eu sei.
Naquele
tempo, havia uma ferrenha competição entre Sega e Nintendo, e ela se
refletia em suas mascotes. Nada como as brigas de mimimi entre fãs de
Robert Pattinson e o tal lobisominho (só decorei o nome do primeiro por
causa do recente de traição da sua também companheira de atuação,
aliás). A questão é que haviam características dos consoles das empresas
que os distinguiam fortemente, os tornavam únicos. Mas quem disse que
os fãs inverterados de uma franquia gostariam de admitir que a outra
também possuem qualidades?
Mario, para seguistas, era
lento, e não tinha tanto espírito aventureiro, além de ser um velho
gordo e barrigudo (se bem que o Sonic também emagreceu, mas enfim)
Sonic,
para intendistas, era impossível de se enxergar com clareza, tinha
inimigos com a personalidade de uma porta e tinha um vilão que imitava o
bigode do seu encanador favorito (e que também era gordo)
Algumas dessas coisas acima eu disse; outras, eu escutava. E o tempo passou...
Há
alguns anos, vemos os dois trabalhando juntos em games das Olimpíadas,
de verão e de inverno, para as plataformas da Nintendo. A competição
continua, portanto, de forma saudável. Todos juntos, celebrando os
esportes, e competindo, sem discussões.
As pessoas
crescem, e vão aprendendo a, pelo menos para algumas coisas, serem mais
flexíveis. Estava, ontem mesmo, jogando Sonic 2, direto do cartucho. E
me arrependi amargamente dado mais chances ao ouriço antes. Claro que
posso jogar as duas coisas, poxa. O hobby, como tudo na vida, é melhor
ao nos unir, e não nos separar. E o mercado amadureceu de vez, deixando
de lado, na grande maioria das vezes, as rusgas mesquinhas entre quem
gosta mais deste ou daquele jogo.
Isso, claro, não
teria acontecido se a tragédia comercial tivesse abatido-se sobre o
Dreamcast - até hoje, um dos consoles favoritos de muitos. O que não
retira o mérito da parceria que hoje ocorre... Isso, é claro, é uma
outra história.
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